quinta-feira, 4 de setembro de 2008

A CIDADE FANTASMA

A Cidade Fantasma



Prólogo
Sopra o vento levando a poeira consigo,
Sopra o vento, viajando entre ruínas de uma deserta cidade.
De onde já foi o centro de adoração e louvor.
Donde outrora foi habitação de numerosa nação...
Sim! Jerusalém, menina dos olhos de Deus!...
Eu vejo através do tempo remoto,
Grandes bênçãos reluziam do templo,
A divina voz soava pelos profetas,
Todo o povo, em reverência e alegria,
Adoravam e exaltavam o nome do Senhor dos Exércitos.
Tudo era paz, paz e prosperidade para todos...
Até que um dia foi encontrado uma mancha
Na fidelidade imaculada, e para seu próprio bem,
Afim de que chegassem ao arrependimento,
O Deus do céu permitiu tal fatalidade
À sua amada cidade – Jerusalém – e nação – Israel...
Sim! Vejo através do tempo remoto...
Eles vieram... E com sede de sangue...
Mataram a todos os que estavam na frente...
E os que sobraram... Humilhados foram...

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Dentre a fumaça cronal das eras
Foi ouvida uma voz de advertência:
“Vinde meu filho, ó meu Israel!
Não te deixes levar pela concupiscência,
Porém, taparam seus ouvidos,
Fazendo-se incircuncisos
Rejeitando o amor paternal...
Tornaram-se rebeldes, abruptos,
Cruéis, insensatos, injustos,
Decaindo de forma cabal.

Por isso então tomou Deus,
A decisão de chamá-los ao redil
Mesmo que o preço fosse um cativeiro,
E voltassem os olhos pra quem os redimiu...

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O ataque
“Entra menina! É tarde!”
Ouviu-se uma mãe a gritar
Diante o horizonte imenso,
Após o crepúsculo fitar...

Ai! Pobre mãe! Pobre filha!
Nem se quer passa em mente...
Ser este, o último dia de paz...
Ser este, o último dia contente...

Antes houvera não ter nascido,
A contemplar da ira a voracidade
Último dia – a face materna...
Último dia – a liberdade...

Tantas foram as noites,
Que histórias ouvia pra dormir,
Agora sob os açoites
Ninguém há pra lhe acudir...
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Eles se aproximam... Vejam!
Com poder da espada nas mãos,
Com fúria voraz, impetuosos...
Como lobos raivosos, sem compaixão.

Matança! Matança! Matança!
Homens cruéis de coração vazio;
No íntimo abrigam o desprezo,
Não sentem no corpo o “calor” nem “frio”.

A cidade foi tomada
Tomadas foram as mulheres,
Atados, os homens fitavam, ouviam:
“Soldados faze o que quiserdes!”

Quem me dera voltar ao tempo
E sentir o sublime toque de paz...
A ver o fio da espada ardente
E os cadáveres que aqui jaz...

E a triste sorte desoladora
De um ataque ter sofrido,
Podia tudo ser diferente,
Se a Deus houvesse ouvido

Agora a grande nação
E tão aclamada cidade,
Dispersa por castigo
De Deus sem piedade...

“Vede como seu povo chora...
Nas ruínas do sofrimento...
Força não tem pra entoar...
Por causa do seu grande lamento...”

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O lamento

Israel foi levada a exílio
Afligida sob grande servidão,
Dentre as nações não acha descanso
P’ra eles não há consolação.

“Aqui já viveram crianças felizes...
Lugar de paz e prosperidade
De Deus tínhamos o sustento
Os idosos – a tranqüilidade.

Mas filhos rebeldes fomos
Teimosos de dura cerviz,
Em calamidade caímos
Na sentença do reto Juiz.

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Sentados em terra se acham, silenciosos,
As margens do rio como álamos frondosos
Em prantos saudosos a suspirar...
A etérea plaga suplica, deseja...
Voltar à pátria em desespero almeja...

E ouvi-se uma voz dizendo: “Seu lar?”


Pedi-se p’ra entoar seus cantos
Mas seus olhos em prantos
Sem animo para cantar...
Como pode em terra estranha
Exigir abominação tamanha?

E ri-se a mesma voz: “Louvar?”

O poeta chora inconsolável
Pedindo pelo povo miserável
Seu povo de duro coração...
Que por causa de sua maldade
Sobreveio-lhe tamanha atrocidade...

E a sombria voz; “Povo sem pendão!”

“Já se foi minha esperança...
Que depois de tanta matança
Sobreveio-nos a servidão.
Há grilhões nos pulsos e nas almas
Dor e chibata nas palmas...”

“A tenda da servidão...”

“Zombam de mim dizendo:
‘Seu Deus, que esta fazendo...
Que não te livras de mim?
És um bastardo sem sorte
Foste abandonado à morte...’

Senhor, Senhor, lembra-te de mim!”

A Deus reclamam, sem respostas,
Mas não virou-Se-lhe as costas
Esperando pelos seus.
Profeta clama para que voltem,
Que do Senhor se recobrem

Diz o poeta: “Só o senhor é Deus!!!”
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A bondade do Senhor e Sua misericórdia
São as causas de não sermos consumidos
Pois renova-se a cada manha
O amor dAquele em quem tenho crido.
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Epílogo
Veio a mim a palavra do Senhor dizendo:
“Desamparei a minha casa, abandonei a minha herança;
A quem Eu amava entreguei nas mãos dos seus inimigos.
A minha herança tornou-se-me como um leão numa floresta;
Levantou a voz contra Mim, por isso Eu a aborreci...
Eis que os arrancarei de sua terra, e a casa de Judá tirarei...
E será que depois de os haver arrancado, tornarei a compadecer-me
E os farei voltar cada um à sua herança.
Se diligentemente aprenderem os Meus caminhos...
Então serão edificados no meio do Meu povo.
Porque os Meus olhos estão sobre todos os seu caminhos,
Ninguém há que se esconda diante de Mim,
Nem se encobre a sua iniqüidade aos Meus olhos...
Lava o teu coração da malícia ó Jerusalém,
Para que sejas salva! Até quando hospedarás
Contigo teus maus pensamentos?
Porque Eu é que sei que pensamentos tenho
A vosso respeito, diz o Senhor; pensamentos de paz
E não de mal, para vos dar o fim que desejais.
Então me invocarás, passareis a orar a Mim, e Eu vos ouvirei.
Buscar-me-eis, e Me achareis, quando me buscardes
De todo o vosso coração.”

22 de Junho de 2004
Salomão Lage

5 comentários:

Thainá disse...

Parabens, Dúnadan !!
Seu blog está maravilhoso. adorei seus poemas... vc tem um estilo muito parecido com o do "Poeta dos Escravos, Castro Alves, pincipalmente ao compor vessos usando a voz ativa, assim com a maioria das poesias do escritor.
Sua fã nº
Thainá

SARA PASSOS disse...

"O MELHOR"...NÃO SEI SE FOI;MAS QUEM SABE O MAIS RELEVANTE EM TERMOS SAUDOSOS E MESSIÂNICOS...RELEVANTE PQ REALMENTE TEM ALGO DE JERUSALÉM EM SUA FALA QUE É INTRIGANTE,INTERESSANTE...

Poeta Dúnadan disse...

Quando eu leu os meus poemas percebo coisas impressionantes - Deus dota pessoas incriveis dons pois chego até pensar "será que fui eu mesmo quem os fez?";que Deus continue me usando...

Unknown disse...

seus poemas sao simplesmente lindos e tocantes...
Que sua candeia,permaneça sempre acesa, iluminando assim a todos que te cerca!
bjocas..
Neire

Unknown disse...

Presente de Deus para a terra são as reais alusões de um verdadeiro poeta ou devo dizer profeta?

Obrigado por proporcionar-me uma viagem incrível na história entre Deus e o homem, a fazer perceber os sentimentos divino e humano. Perfeito!

Intrigante a beleza da representação humana na poeira insignificante e suscetível à força do vento a contemplar a felicidade, tristeza e desespero. Porém resiste pela esperança.

Muito bom! Que Deus o abençoe com mais poesias proféticas ou profecias poéticas.