quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Prece na Madrugada




Na velha cabana, na mata...
Onde a humildade retrata
Os traços da solidão.
A vela, na sala, ilumina...
A fé de quem tanto examina
A noite de oração.

Ali no silencio profundo
Deus, que mais alem deste mundo,
Escuta uma prece.
Os anjos então se calaram
Diante de Deus se prostraram
Ouvindo a fé que cresce.

E o homem naquela cabana
Busca a Deus e clama
Somente pra Ele ouvir...
A lua no céu brilhava
Enquanto o pobre orava
Simplesmente assim:

“Livra-me Senhor de mim mesmo...

“Que pela minha cobiça pequei
‘Pelos meus caminhos só errei,
‘Não ouvindo a voz do Pai...
‘Voltado a amizade do mundo
‘Desci ao terrível pélago profundo
‘Ó Senhor, atentai!”

“Livra-me Senhor de mim mesmo...

“Aos meus irmãos não quis ajudar
‘Temendo que a mim fosse faltar
‘O tão precioso pão.
‘Neguei ao que não tem sorte,
‘Fui, talvez, pior que a morte,
‘Negando-lhe a mão.”

“Livra-me Senhor de mim mesmo...

“Que não quis o dom precioso
‘Pensando que existisse algo mais gostoso
‘Só provei a dor.
‘Agora entendo e a Ti me entrego
‘Aceito o dom, não mais O nego.
“Jesus, dá-me amor!”


22 de Fevereiro de 2006
Salomão Lage

Sob a Sombra da Cruz






A cruz está vazia...

Seu sangue ali está,
Seu corpo jaz sem vida
Sacrifício igual não há.

Vi tudo que aconteceu
No Getsemani atroz,
Angustia jamais sentida
Meus pecados – Seu algoz!

Sim! Fui testemunha
Da violência que sofreu.
Por amar tanto aos outros,
A própria vida deu.

E ao caminhar
Rumo ao dantesco Calvário;
Como um herói destemido
Se entregando ao sacrifício vigário.

Vi Seu padecer
Aqueles cravos em Suas mãos,
Vi o Seu espírito render
Seu sangue verter então...

Em um túmulo sombrio
Outrora repousou o Salvador
Mas a morte não teve forças
Pra conter o próprio Amor.
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Então o dia nasceu
Quando o clarão rompeu
As trevas do seu lugar.
Um Anjo apareceu,
A pedra se moveu,
Seu nome a ecoar...

O Senhor ressuscitou!
A vida então ganhou
Para assim nos conceder.
Seu amor ficou provado
O mal foi derrotado!
Falta você reconhecer...

A cruz está vazia
Pois Aquele que ali padecia
Não mais está lá.
Esta é a minha esperança,
Que depois da tempestade tem bonança.
Com Ele vou me encontrar!
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Aqui, assentado me encontro.
Sob a sombra da cruz,
Onde a paz eu desfruto
E me encontro com a luz.


16 de Outubro de 2004
Salomão Lage

Vamos Pescar?


Ouro – na Austrália; pedras em Misora!...
“Mentira! Respondia em voz canora
O filho de Jesus...
“Pescadores!... nós vamos no mar fundo
“Pescar almas p´ra o Cristo em todo mundo
“Com um anzol – a Cruz -!”
Castro Alves


Caminhado na areia junto à maré
Viu dois irmãos pescando, Pedro e André.
Lançando redes ao mar.
Na água Seus pés entraram enfim,
Dirigindo-lhes a palavra bem assim:
“Pescareis em outro lugar”

E aqueles rudes homens O seguiam
Encontrado outros que também faziam
Das redes seu labutar.
Tiago e João que ali estavam
Juntos com seu pai, no barco, trabalhavam...
Pra o sustento ganhar.

No mesmo instante largaram tudo,
Ao chamado do Salvador do mundo
Pra simplesmente O seguir.
Percorreram toda a terra da Galiléia.
Decápolis, Jerusalém, Efraim e Judéia...
Pregando o reino do por vir.

Homens de todas as tribos e várias raças,
E mulheres dentre tantas populaças;
Ouviram o Divino chamar.
O rosto calmo, a voz serena. Assunta!
A todos que O aceita com amor pergunta:
“Vamos pescar?”

E nós professos seguidores de Jesus
Rejeitaremos, porventura, sua luz?
Negando a divina vocação?
Não sejamos ávidos, vis e vacilantes,
Mas sim, fervorosos e praticantes...
Com zelo e oração.

Fazendo conforme nos é dado,
Pois Seu fardo não é pesado
E sim, salutar.
Tomemos a cruz em nossas mãos
E o divino anzol lance irmãos...
Vamos pescar?

22 de Dezembro de 2006
SALOMÃO LAGE

Eis Um Homem









Eis um homem ao longe...
Que caminha devagar,
Porém sabe pra onde vai.
Seus passos são firmes, confiantes...

Eis um homem ao longe!
De aparência simples,
Denotando tamanha fadiga,
Mas, também, muita compaixão.

Eis um homem de dores!
Que sabe o que é padecer...
- Venham todos e ouçam!
“...É necessário de novo nascer...”

“Quem creu em nossa pregação?”
Pois quem O via ao longe desprezava,
Toda via em Sua presença,
Em reverência, temia e O respeitava.

“...E nós O reputávamos por aflito,
Ferido de Deus, e oprimido.
Moído e traspassado...
Por nossas iniqüidades consumido.”



Ah! Jerusalém, por que estás dispersa?
Para onde vais com tanta pressa?
Ouvi, teu Deus te chama;
“Vinde a mim meus filhinhos,
Convertam-se dos maus caminhos.”
- Ouçam Aquele que vos ama!

“Pois quantas vezes Eu os quis reunir,
Mas rebeldes, escolheram sair...
Dos meus braços que é só amor...”
- Ah! Como ingratos nós somos!
Damos as costas e dizemos: “O amamos!”
Fazendo- O na cruz sofrer tamanha dor.

“Até quando terás contigo maus pensamentos?
Converta-se a mim e livrar-te-ei dos tormentos.
Ó ouve-me pra que sejas salva!”
Eis a voz dum homem de Deus,
Cuidando daqueles que são Seus...
Velando por Suas estrelas D’alvas.




Ó Israel! Saia desta perdição!
Por que gastais tempo naquilo que não satisfaz?
E o vosso dinheiro naquilo que não é pão?

Porventura não conhece o que é bom?
Segue o caminho que em compraz,
E te darei vida em abundancia – a salvação.



Em grande expectação nos observa
Seres angelicais...
Ordenados por Deus nos protegem...
Com poderes celestiais.

Eu vos afirmo que há jubilo no céu,
Se um homem se rende...
E os anjos de Deus, muito se regozijam...
Se um pecador se arrepende.



Ouço a voz de um Deus, que pode salvar!
Que fala de amor, que é rico em perdoar.

“Ouço também; um pecador querendo dizer:
- O Senhor como é bom se arrepender!”



“Muitas vezes eu tenho errado,
Muitas vezes não lhe dei ouvidos,
Muitas vezes me distanciado
Do Mestre que por mim tem sofrido.

Outras vezes fiz más escolhas,
Outras vezes, não trilhei Teus caminhos.
Outras vezes, por meu coração, enganado...
Caminhei por entre espinhos.

Isso é o que acontece
Com quem se afasta de Deus,
Com quem se esquece dos estatutos
E os mandamentos Seus.

Agora arrependido volto,
E deponho-me no teu altar
Perdoa-me meu Senhor
Só teu nome irei louvar.”




Eis um homem...
Poderoso para salvar!
E também transformar
Em um novo ser.
Que por você tudo faz,
E tudo é capaz
Pra liberdade conceder.

Eis um homem...
Que não nos abandonou
Quando do céu enviou
O Espírito Santo, tal como falou.
Quando ao céu ascendeu
Seu Espírito prometeu,
Poder sem medida – o Consolador...

Eis um homem!
Que tudo sofreu
E a vida concedeu
Para todo aquele que crer.
Que Sua glória deixou
Quando na cruz se entregou
A própria vida por mim, por você.

20 de Abril de 2002
Salomão Lage

Galeria da Fé

Hebreus 11

“Sou aquele, o grande Eu Sou,
E onde está também estou.
Sim! Eu Sou o que te dá...
Força suficiente pra marchar...”
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Os antigos que em Deus tiveram fé
Necessitados, maltratados, afligidos,
Açoitados, apedrejados, escarnecidos!
Tal qual Silas, Paulo e Barnabé...
Homens bravos, tementes e sofridos;
Homens dos quais o mundo não era digno.
Homens de Deus – homens de fé!

Que deixaram sua terra amada
Seguindo os passos de Deus,
Não amaram suas vidas, até deixaram os seus.
Eles esperam na divina promessa dada!
Terra que mana leite e mel,
Cidade de Deus que desce do céu...
Celeste Jerusalém – pátria almejada!

Destes, Deus não se envergonhou...
Pela fé que testemunharam,
Que ao mundo então negaram,
Pelos mandamentos que Deus legou.
Somos também povo de Deus,
Feitos por Jesus, filhos Seus,
Àquele que eternamente nos amou...

“Eu olho p’ra traz e vejo;
Bandeiras alvas tingidas...
Pessoas alegres, porém sofridas,
Sem sombra nenhuma de pejo.

Que acenam bandeiras manchadas
Manchadas a todo custo
Do sangue de Jesus o justo;
Do precioso liquido, banhadas...

Olho adiante... Que prazer!
O rubro que alvo se tornou,
As vestes de quem tanto lutou...
Pela vida eterna obter...
...e ganhou!”
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“...Quem tem a fé de Abraão
O mundo sempre há de vencer;
Se firme queres o teu coracão,
Precisas igualmente crer!”

27 de março de 2002
Salomão Lage

A CIDADE FANTASMA

A Cidade Fantasma



Prólogo
Sopra o vento levando a poeira consigo,
Sopra o vento, viajando entre ruínas de uma deserta cidade.
De onde já foi o centro de adoração e louvor.
Donde outrora foi habitação de numerosa nação...
Sim! Jerusalém, menina dos olhos de Deus!...
Eu vejo através do tempo remoto,
Grandes bênçãos reluziam do templo,
A divina voz soava pelos profetas,
Todo o povo, em reverência e alegria,
Adoravam e exaltavam o nome do Senhor dos Exércitos.
Tudo era paz, paz e prosperidade para todos...
Até que um dia foi encontrado uma mancha
Na fidelidade imaculada, e para seu próprio bem,
Afim de que chegassem ao arrependimento,
O Deus do céu permitiu tal fatalidade
À sua amada cidade – Jerusalém – e nação – Israel...
Sim! Vejo através do tempo remoto...
Eles vieram... E com sede de sangue...
Mataram a todos os que estavam na frente...
E os que sobraram... Humilhados foram...

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Dentre a fumaça cronal das eras
Foi ouvida uma voz de advertência:
“Vinde meu filho, ó meu Israel!
Não te deixes levar pela concupiscência,
Porém, taparam seus ouvidos,
Fazendo-se incircuncisos
Rejeitando o amor paternal...
Tornaram-se rebeldes, abruptos,
Cruéis, insensatos, injustos,
Decaindo de forma cabal.

Por isso então tomou Deus,
A decisão de chamá-los ao redil
Mesmo que o preço fosse um cativeiro,
E voltassem os olhos pra quem os redimiu...

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O ataque
“Entra menina! É tarde!”
Ouviu-se uma mãe a gritar
Diante o horizonte imenso,
Após o crepúsculo fitar...

Ai! Pobre mãe! Pobre filha!
Nem se quer passa em mente...
Ser este, o último dia de paz...
Ser este, o último dia contente...

Antes houvera não ter nascido,
A contemplar da ira a voracidade
Último dia – a face materna...
Último dia – a liberdade...

Tantas foram as noites,
Que histórias ouvia pra dormir,
Agora sob os açoites
Ninguém há pra lhe acudir...
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Eles se aproximam... Vejam!
Com poder da espada nas mãos,
Com fúria voraz, impetuosos...
Como lobos raivosos, sem compaixão.

Matança! Matança! Matança!
Homens cruéis de coração vazio;
No íntimo abrigam o desprezo,
Não sentem no corpo o “calor” nem “frio”.

A cidade foi tomada
Tomadas foram as mulheres,
Atados, os homens fitavam, ouviam:
“Soldados faze o que quiserdes!”

Quem me dera voltar ao tempo
E sentir o sublime toque de paz...
A ver o fio da espada ardente
E os cadáveres que aqui jaz...

E a triste sorte desoladora
De um ataque ter sofrido,
Podia tudo ser diferente,
Se a Deus houvesse ouvido

Agora a grande nação
E tão aclamada cidade,
Dispersa por castigo
De Deus sem piedade...

“Vede como seu povo chora...
Nas ruínas do sofrimento...
Força não tem pra entoar...
Por causa do seu grande lamento...”

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O lamento

Israel foi levada a exílio
Afligida sob grande servidão,
Dentre as nações não acha descanso
P’ra eles não há consolação.

“Aqui já viveram crianças felizes...
Lugar de paz e prosperidade
De Deus tínhamos o sustento
Os idosos – a tranqüilidade.

Mas filhos rebeldes fomos
Teimosos de dura cerviz,
Em calamidade caímos
Na sentença do reto Juiz.

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Sentados em terra se acham, silenciosos,
As margens do rio como álamos frondosos
Em prantos saudosos a suspirar...
A etérea plaga suplica, deseja...
Voltar à pátria em desespero almeja...

E ouvi-se uma voz dizendo: “Seu lar?”


Pedi-se p’ra entoar seus cantos
Mas seus olhos em prantos
Sem animo para cantar...
Como pode em terra estranha
Exigir abominação tamanha?

E ri-se a mesma voz: “Louvar?”

O poeta chora inconsolável
Pedindo pelo povo miserável
Seu povo de duro coração...
Que por causa de sua maldade
Sobreveio-lhe tamanha atrocidade...

E a sombria voz; “Povo sem pendão!”

“Já se foi minha esperança...
Que depois de tanta matança
Sobreveio-nos a servidão.
Há grilhões nos pulsos e nas almas
Dor e chibata nas palmas...”

“A tenda da servidão...”

“Zombam de mim dizendo:
‘Seu Deus, que esta fazendo...
Que não te livras de mim?
És um bastardo sem sorte
Foste abandonado à morte...’

Senhor, Senhor, lembra-te de mim!”

A Deus reclamam, sem respostas,
Mas não virou-Se-lhe as costas
Esperando pelos seus.
Profeta clama para que voltem,
Que do Senhor se recobrem

Diz o poeta: “Só o senhor é Deus!!!”
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A bondade do Senhor e Sua misericórdia
São as causas de não sermos consumidos
Pois renova-se a cada manha
O amor dAquele em quem tenho crido.
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Epílogo
Veio a mim a palavra do Senhor dizendo:
“Desamparei a minha casa, abandonei a minha herança;
A quem Eu amava entreguei nas mãos dos seus inimigos.
A minha herança tornou-se-me como um leão numa floresta;
Levantou a voz contra Mim, por isso Eu a aborreci...
Eis que os arrancarei de sua terra, e a casa de Judá tirarei...
E será que depois de os haver arrancado, tornarei a compadecer-me
E os farei voltar cada um à sua herança.
Se diligentemente aprenderem os Meus caminhos...
Então serão edificados no meio do Meu povo.
Porque os Meus olhos estão sobre todos os seu caminhos,
Ninguém há que se esconda diante de Mim,
Nem se encobre a sua iniqüidade aos Meus olhos...
Lava o teu coração da malícia ó Jerusalém,
Para que sejas salva! Até quando hospedarás
Contigo teus maus pensamentos?
Porque Eu é que sei que pensamentos tenho
A vosso respeito, diz o Senhor; pensamentos de paz
E não de mal, para vos dar o fim que desejais.
Então me invocarás, passareis a orar a Mim, e Eu vos ouvirei.
Buscar-me-eis, e Me achareis, quando me buscardes
De todo o vosso coração.”

22 de Junho de 2004
Salomão Lage